quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ações em baixa

Estou num dia daqueles bem confusos. Querendo o que não tenho, tentando e não conseguindo, reclamando silenciosamente e não sabendo se tenho direito de exigir alguma coisa.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Fuerza Bruta

Pois dança contemporânea é isso: explorar os movimentos e limites do corpo e suas interações com outros corpos (vivos ou não) buscando um significado (uma expressão) ao invés de um padrão (uma perfeição).

Fuerza Bruta é um espetáculo estético, luminoso, engenhoso. Fala dessa loucura que é a vida, dos encontros e desencontros, da roda-viva que nos traz coisas e depois nos tira, das transformações, da perda da ingenuidade, da vontade de romper, da necessidade de arriscar. Significado forte (e bruto, como era pra ser).

Não virei tiete, entretanto. A engenharia do espetáculo é impecável, os efeitos deslumbrantes (com o mérito suplementar de contar apenas com engenhocas, água, vento e artigos de papelaria), mas algo me faltou.

Fiquei desejando um equilibrio maior do vídeoclipe com aquilo que é propriamente humano. Queria sentimento, reação, atuação. Queria que os atores fossem densos como o tema que se propuseram a abordar.

Ter tido uma excelente professora de dança contemporânea me fez mal em algum sentido.

Ah, e antes que eu me esqueça: ainda bem que os homens crescem e seus hormônios se regularizam. Adolescente homem é realmente um bichinho muito babaca...

domingo, 26 de outubro de 2008

Num canto do armário

Várias coisas estão convergindo para lentamente me persuadirem a cuidar mais do corpo (no sentido estético mesmo, a saúde apenas pegando carona). Isso acontece de vez em quando - e nunca com o ímpeto ou a persistência necessários.

Aliás, os momentos em que me lembro de ter conseguido efetivamente emagrecer foram poucos e não necessitaram das virtudes acima. Coincidiam com meses de trabalho excessivo que envolviam deslocamentos constantes e alimentação precária (como quando fui presidente do Centro Cívico, ocupadíssima, no colegial, ou organizando um evento com a relação grandeza-equipe desfavorável, bem mais tarde) ou naqueles meses de intensa paixão (dessas de fazer a pessoa perder a fome e se alimentar de brisa). Nesse último caso, a "boa forma" veio também acompanhada de outros hábitos embelezantes: postura impecável, cortes de cabelos, roupas, pefumes, unhas, sapatos, sorrisos... (portanto, meninas, se puderem escolher, eu indico o método nº2) .

Atualmente tenho querido voltar para o Vôlei. Só de pensar em ver aquela rede-passando-abaixo-da-altura-dos-olhos-para-que-o-braço-alcance-a-bola-que-vai-ao-chão, já sinto a alegria rondar...

O sol também é um convite para comprar biquinis novos, acompanhado das várias exigências silenciosas e insuportavelmente barulhentas embutidas nessa ação (e para as quais invariavelmente me finjo de surda). Aaaaaaaaahhhhhhhh!

O post sobre as coisas do mundo do vivos também abriu minha consciência. E tem também um outro fator, mas esse não é apropriado para este espaço.

Tomara que a onda venha forte mesmo como está parecendo que virá. Que não vire uma frustrante marolinha como tantas outras vezes.

Minha velha calça manequim quarenta continua à postos, paciente e à espera, enquanto me fita num canto do armário.

sábado, 25 de outubro de 2008

Fotografia Literal 1 - encarando o desafio

No rastro de Laganaro, Kris e outros, publico minha fotografia falada. Convido Bera, Lilian e Gabriel para fazerem o mesmo. Continua meu movimento pró-blog dos amigos, que nessa hora fazem uma falta danada!

No verso, "primavera de 2008".

Hoje estou numa fase boa da minha vida. Me sinto reconhecida (inclusive por mim mesma, vejam que raro!) e recompensada por meu trabalho. Me sinto relevante e não sou explorada - uau! Estou prestes a conquistar (with a little help) algo que desde muito cedo eu encomendei para meus 30 anos: com direito a terraço, lua e, quem sabe?, brisa entrando pela cortina esvoaçante (o saxofone eu resolvi mesmo deixar pra lá).

Ainda não equilibrei vida profissional e vida pessoal - continua sendo um projeto futuro daqueles, assim, bem suaves, tênues, sem contar com tanto esforço para sua realização. Talvez por eu não confiar de verdade. Talvez - mais provável - por eu não querer de verdade.

Sabe o que é? É que as fases ruins da vida não passam impunemente. Me convenci - em camadas profundas demais para não serem sentidos os reflexos em tudo - de que trabalhar, pensar, arquitetar, realizar, era algo para os quais eu tinha mais talento do que para cativar, aproveitar, seduzir, curtir. Pode parecer estranho, mas minha zona de conforto está mais lá do que cá. Confesso que sinto inveja e admiração pelos outros que, nesse sentido, conseguem não ser eu.

Sinto saudades de várias coisas, mas não me arrependo de nada. Não por qualquer princípio normatizador ou qualquer racionalização besta, mas porque, apesar de perdida muitas vezes, acabei fazendo escolhas com "E" maiúsculo, pensadas e combinantes comigo. E isso me tranquiliza.

Às vezes quero mais do que minhas censuras internas permitem. Procuro não reprimir, mas também não realizar. Brinco. Faço com que a fantasia dê conta de realizar o desejo que não pode ser realizado. Conservo a criança para não desestruturar o adulto. E minha vida segue nos eixos...

Não existe um vulcão dentro de mim - pelo menos não um que eu, até agora, não tenha conseguido conter em suas erupções. Mas acho lindo todo aquele magma. Por isso sou fascinada pela pessoas intensas, pelas discussões acaloradas, por "ser inteiro".

Gosto. Desde que nada seja inventado, desde que sinta que tudo é verdadeiro.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Emissor - mensagem - receptor

Fato Social: blogs funcionam melhor quando existe um leitor presumido.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mentalizando

Depois do comentário do Paulo no post "Sobre as Ondas", fiquei matutando sobre a tendência das esquerdas (e das pessoas que simpatizam com as esquerdas) de transformar pessoas em abstrações.

Certamente a carapuça parece ser feita sob medida para mim. Não conheço ninguém que se sinta tanto um ente imaterial quanto eu.

Há pouco tempo coloquei em prática uma idéia que certamente convencerá o mais cético dos meus leitores de que, bem, eu não devo bater muito bem.

Programei meu celular para tocar todos os dias às 10:00, às 14:00 e às 16:00. Pra quê? Pra me lembrar de beber água e de me livrar da água que bebi no horário anterior. Ainda lamento o fato de meu celular não disponibilizar outros alarmes para que eu me lembre de almoçar e de parar de trabalhar.

Já esqueci meu aniversário e não foram raras as vezes que me surpreendi com minha própria idade (eu era capaz de jurar que tinha uns dois anos a mais!).

Agora, se tem uma coisa que eu não me esqueço é de me perguntar diariamente se estou cumprindo minha proposta de vida.

Sim, eu pertenço ao mundo das idéias, dos conceitos, do modelos, das abstrações.

Talvez seja por isso que o dia tem uma cor diferente quando tenho a oportunidade de dançar e dar um passeio pelas intensidades do mundo dos vivos...

Posts em 140 caracteres

Entrei no twitter. É óbvio que isso não vai acabar bem...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Duas horas lendo blogs que há meses não acessava

Tem gente mais observadora que eu, mais engraçada que eu, mais triste que eu, mais entusiasmada que eu, mais superficial que eu, mais variada que eu, mais filosófica que eu, mais monótona que eu.

Mais chata que eu num dia como hoje? Duvido.

domingo, 5 de outubro de 2008

Cada coisa em seu lugar

Tenho ficado mais organizada com a idade. Meu quarto, meu armário, meus arquivos, meus e-mails, tudo o que quero encontrar, encontro com mais facilidade com o passar dos anos.

Em se tratando das coisas palpáveis, talvez esse fenômeno seja resultado de morar num apartamento pequeno e não mais numa casa grande. Uma amiga minha diz que sua receita de sucesso para arrumar as malas para uma viagem é primeiro escolher a mala, depois os itens que irão dentro dela. Todo ser humano precisa de limites.

Em se tratando de bits e bytes, o limite é uma realidade virtualmente impossivel (a não ser que você guarde vídeos ou muitas músicas). Assim, aquela velha tendência de guardar todo o lixo porque "um dia eu posso precisar" impera com toda força. O desafio da organização nos domínios desse reino é maior, mas também consegui uma estratégia interessante para lidar com isso.

Dentro de um grande assunto, crio pastas para arquivar tudo aquilo que se mostra útil desde o primeiro instante, inclusive numerando as pastas para garantir a sequência lógica dos assuntos. Os arquivos que sobram são encaminhados para uma pasta que fica sempre no final da lista intitulada "menos importantes" ou coisa similar.

Um dia desses, um processo de avaliação saiu do controle. O fluxo era tão intenso e o lixo era tanto que quase me vi rendida. Foi então que a experiência da casa grande veio me ajudar. Criei uma pasta chamada "sótão". Encaixotei e levei para o sótão tudo aquilo que não estava nas minhas necessidades imediatas. Sem aquele volume todo na frente dos meus olhos, minha casa ficou mais habitável e pude seguir feliz com minha vida.

Ontem entrei no sótão para tentar encontrar um arquivo. Assim como na vida real, entrar no sótão é sempre uma experiência...