quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Homenagem

Este post vem sendo preparado há muito. Coisa delicada, falar da morte de um pai.

Um pai que foi, na vida do filho - e que ainda seria, na educação dos netos - uma dose saudável de desequilíbrio que equilibra os excessos de planejamento, responsabilidade e ponderação.

Não reverenciava a vida a ponto de mantê-la "custasse o que custasse". Reverenciava a vida a ponto de colocá-la em risco. Não perdeu nenhum dos paladares que lhe faziam tão bem e tão mal. Não trocou paixões por promessas de vida mais longa. Fez as escolhas mais difíceis, enquanto acreditava decidir não decidir.

Que meu sogro descanse em paz, se assim tiver que ser. Ou que permaneça eternamente falando demais, divertindo e impacientando o todo poderoso, fazendo a mesma bagunça que fazia na terra, agora no céu.

Preparativos

Hoje é dia. Em comemoração, pintarei as unhas na cor Paris - com uma camada de extra brilho, pra durar mais. Que dure pra sempre.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Festas

Come-se demais.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Ano novo, agenda nova

Estou passando os compromissos importantes do ano que vem para minha nova agenda.

Sou uma daquelas pessoas que ainda usam dentro da bolsa a boa e velha memória auxiliar, com compromissos escritos a lápis ou caneta. Já tentei me acostumar com agendas eletrônicas e seus alarmes, avisos sonoros no celular, mas por alguma razão sempre retorno ao caderninho.

Esse momento de preparar o novo ano é sempre interessante. Folhear as páginas da antiga agenda, é como fazer uma retrospectiva pessoal das pequenas bobagens e grandes acontecimentos do dia-a-dia: a sandália que peguei no sapateiro ao lado da reunião que nos rendeu um novo projeto, os banhos do Nicolau, os eventos, os exames, os cabelos, as festas, as consultas, os almoços, os concursos.

A vida que vai acontecendo enquanto estamos distraídos.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Ano que vem

Que bom seria se eu conseguisse organizar, me disciplinar, documentar, ter clareza de cada próximo passo.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Coordenação de Grupos

Se eu estivesse fazendo a curva de maturidade do SBDG, já teria duas ou mais coisas importantes para falar sobre mim no exercício da coordenação de um grupo.

A primeira: tenho - que bom! - olho de lince para identificar quem não é construtivo para o trabalho do grupo e não deseja sê-lo. Entretanto - que ruim! - tenho a tendência de querer fortalecer os demais contra aquele. Em casos extremos, procuro excluir, não me relacionar e, se possível, tirar a voz do dito cujo. Realmente não sei lidar bem com mau-caráter. Porém cada vez me convenço mais da frase de alguém que demorei a levar em consideração: "Inimigo a gente tem que manter bem próximo, especialmente os perigosos". Vou ter que aprender.

A segunda: tenho - que bom! - um profundo senso de responsabilidade e boa habilidade para administrar conflitos, situações difíceis e informações complexas. Minha metodologia - que ruim! - é trazer tudo para dentro da caixola, processar, filtrar e devolver para as pessoas apenas o sumo daquilo que eu considero importante para a resolução das questões. Não estou discutindo a sobrecarga da pessoa, mas a eficácia do processo. Deixa a desejar. Em geral contribuo apenas parcialmente para instituir a transparência no grupo, por culpa do meu excesso de dedos proveniente, por sua vez, da minha necessidade de ter controle sobre as situações, especialmente as profissionais. Tudo com a melhor das boas intenções de que tudo dê certo. Eu nunca teria falado para alguém "que olhar desconfiado que você tem!" - em grande parte responsável por levar o grupo para um nível de coesão muito maior no dia de ontem. Devolver certos processamentos para quem é de direito (e portanto muito, mais muito mais capaz de fazê-los do que eu, sapa de fora). Isso eu também vou ter que aprender.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Hasta la vista!

Adoro jogar coisas fora.
Ver o que é menos relevante sair da sua vida.
E dar mais atenção ao que fica.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Cultura de Paz

Tenho um certo tédio do discurso da "Cultura de Paz" - apesar de ser completamente favorável à paz. Mas tenho cá comigo que insistir em ser pacífico quando as situações exigem uma certa dose de conflito também é uma forma de violência.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Pilares da carreira

Uma boa carreira profissional é composta de 3 pilares: identidade, aprendizados e contatos. Sempre tive mais facilidade em correr atrás de aprendizados, uma vez que só dependem de mim.

Como é possível estabelecer metas pra questões que implicam decisões dos outros?
Parece que não, mas é possível.

E é disso que não posso me esquecer.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Documentos pessoais

Arrumei a caixa onde guardo todas as cartaz e bilhetes importantes que já recebi.
Renovadas visões sobre fatos e pessoas que ficaram no passado.
E também sobre fatos e pessoas que continuam comigo no presente.
Documentos pessoais mais importantes que RG e CPF.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Eta nome bonito!

Preciso pintar o outro olho do meu Daruma, meu desejo acaba de se concretizar!
Finalmente consegui descobrir o que quero ser quando crescer!
Melhor ainda: descobri que já estou nessa estrada há muito tempo.
De posse da minha identidade, sabendo o "nome" do que eu virei a ser no médio prazo, fica muito mais fácil direcionar minhas ações para que isso efetivamente se concretize.

Consultora em gestão de mudanças para sistemas de ensino.
Eta nome bonito!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

História da Pedagogia - Franco Cambi

A história é o exercício da memória realizado para compreender o presente e para nele ler as possibilidades do futuro, mesmo que seja um futuro a construir, a escolher, a tornar possível.
(...)
A memória não é absolutamente o exercício de uma fuga do presente nem uma justificação genealógica daquilo que é, e tampouco o inventário mais ou menos sistemático dos monumentos de um passado encerrado e definitivo que se pretende reavivar por intermádio da nostalgia: não, é a imersão na fluidez do tempo e no traçado de seus múltiplos - e também interrompidos - itinerários, a recomposição de um desenho que, retrospectivamente, atua sobre o hoje projetando-o para o futuro, através da indicação de um sentido, de uma ordem ou desordem, de uma execução possível ou não.
(...)
Através do passado criticamente revisitado, o presente (também criticamente) se abre para o futuro, que se vê carregado de impulsos não realizados do passado, mesmo o mais distante, sufocado ou marginalizado.

sábado, 24 de novembro de 2007

Objeto estranho

Comprei uma Swiss Ball - aquela de pilates - para servir de cadeira.
Achei a idéia ótima - colocar os músculos abdominais para trabalhar enquanto trabalho.
Nesse momento, passada cerca de uma hora de teste... posso dizer que entrar em forma sem esforço definitivamente não é uma coisa que acontece na vida real.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Semelhantes

Gente, acho que estou encontrando parceiros nesse mundo!
A última foi uma outra educadora social em crise com o Paulo Freire!
Nao é fantástico?

Será que os Ufologistas tem razão?
( e quem acha que é único em alguma coisa, só pode estar enganado?)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Palavras-chave

Atividades Reflexivas / PUC-COGEAE / Bibliografias / Complementação Pedagógica / Magistério / PCNs / LDB / Ensino Médio / Montar cursos / Carreira / Pontos de trabalho / Identidade profissional / Networking bem direcionado / Briefing de si mesmo / Coaching

Menos pensar, mais agir - mesmo que errado.
Menos hesitação, menos revisão, menos reflexão.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Hipótese a ser testada

Tristeza sem motivo pode ser sinal de alguma injusta auto-exigência. O sargento grita e o soldado cala, sem que possa efetivamente cumprir a ordem recebida.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Aviso literário

A felicidade é um hóspede discreto.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Uma sugestão. Uma constatação. Uma pergunta.

Eis o que aprendi hoje a respeito de ajudar as outras pessoas a superarem formas de agir que não estão sendo produtivas para elas...

Algumas pessoas identificam o aspecto que pode ser modificado, encontram em seu próprio repertório uma sugestão de melhoria e entregam o pacote ao interessado, esperando que ele siga as recomendações.

Outras pessoas identificam o aspecto, escolhem uma maneira para apresentá-la ao interessado e torcem para que ele consiga reagir da melhor forma possível vindo finalmente a encontrar uma forma de lidar com o problema.

Uma ínfima parte das pessoas - e é isso que eu quero aprender - depois de identificado o aspecto, procura identificar recursos internos que o interessado já tenha dentro de si, optando por fazer perguntas que o levem a encontrar essas competências.

Uma sugestão. Uma constatação. Uma pergunta.

A pergunta é a forma mais "parceira" de ajudar uma pessoa a crescer.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Anotações de um evento distante

A liberdade só pode acontecer na ordem. Mas as única ordem que pode gerar liberdade é a auto imposta. Um dos indicadores de pobreza é não estar organizado. Só a organização é capaz de produzir autorregulação e proteção de direitos.

domingo, 4 de novembro de 2007

O Código do Ser - James Hillman

"Tornamos nossa vida monótona pela concepção que dela temos.
(...)
Para começar, precisamos deixar claro que o principal paradigma para entender a vida humana, a interrelação da genética com o ambiente, omite algo essencial - a particularidade que você sente que é você. Ao aceitar a idéia de que sou o efeito de um choque sutil entre a hereditariedade e as forças da sociedade, reduzo-me a um resultado. Quanto mais minha vida for explicada pelo que já ocorreu em meus cromossomos, pelo que meus pais fizeram ou deixaram de fazer e pelos anos remotos de minha infância, tanto mais minha biografia será a história de uma vítima.
(...)
A atual mentalidade de vítima do americano é o lado coroa da moeda, cuja cara exibe a identidade oposta: o heróico self made man, que constrói sozinho seu destino e com inquebrável força de vontade. A vítima é a outra face do herói.
(...)
Em resumo, este livro é sobre vocação, destino, caráter, e sobre imagem inata. Essas idéias formam a 'teoria do fruto do carvalho' que sustenta que cada pessoa tem uma singularidade que pede pra ser vivida."

(in O Código do Ser, de James Hillman, pgs 15 e 16)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Cotidiano

A vida tem sido boa comigo.

Levanto feliz para ir trabalhar, saio do trabalho feliz por poder ir pra casa, chego ao final da semana feliz por poder descansar por alguns dias, saio do final de semana feliz por poder voltar a produzir coisas bacanas.

Gostoso, como deve ser.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Disfarçando a disciplina

Muitos desafios são superados com a disciplina, que por sua vez leva ao hábito. Não sou muito fã de me impor disciplinas. Mas quando a disciplina aparece em forma de projeto, não é que a coisa fica até divertida?

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Tornar-se referência

Tenho me empenhado para entender como as pessoas se tornam referências em suas áreas de atuação. De uma certa forma, essa é a retomada de um sonho antigo, em que me via participando de muitas coisas, projetos, congressos, palestras... Ajudando outras pessoas a realizarem coisas grandes, realizando, por tabela, meu desejo de realizar coisas grandes.

Sempre que vejo nomes que foram convidados para eventos, comissões julgadoras, consultorias em projetos de grande expressão, corro para o google. E descubro que elas já participaram de outras coisas grandes (e não tão grandes) antes dessa, sempre realizando uma etapa essencial: a divulgação de experiências - próprias ou de outros.

São os tais "multiplicadores". Nem sempre são os que mais entendem do riscado, mas sempre são os que mais se dedicam a compartilhar o que sabem.

Então, se eu quero virar referência, é bom que eu comece:
- a escrever sobre o que faço para revistas, sites e outras publicações
- a escrever livros sobre o que faço
- a falar sobre o que faço
- a apresentar o que faço em eventos
- a submeter o que faço a concursos e prêmios
- a transitar pelos mundos onde acontecem as coisas que faço
- a conhecer pessoas que também fazem o que eu faço
- a fazer coisas junto com essas pessoas

Em resumo, estar em conexão, em rede.

(agir costuma funcionar melhor que pensar e escrever no blog - como em tudo, aliás)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Para lidar com minha hiperatividade profissional

Para lidar com minha hiperatividade profissional recorri a quase tudo. Até comprei um livro de auto-ajuda chamado "Meditações para Mulheres que Fazem Demais". Nem é preciso dizer que não ajudou.

O que ajudou mesmo foi ter encontrado o homem que viria a ser meu marido.

Antes que milhões de teorias equivocadas sejam esboçadas, vou contar logo o segredo. Não, eu não estava carente e não "me escondia" atrás do trabalho. Não, o marido também não é enérgico e não é de "fazer exigências". Também não foi exatamente a "convivência" com alguém que sabe relaxar que me fez aprender...

O nome da mudança na minha vida é... The Sims.

Meu marido me apresentou esse jogo de computador que já está em sua sei-lá-qual edição e consiste numa idéia simples: você administra a vida cotidiana de pessoas que você cria. Você verifica e provê o que sua pessoa precisa: banheiro, comida, banho, socialização, ambiente agradável, descanso, diversão. Também faz com que ela realize suas aspirações e evite que seus temores se realizem.

O dia-a-dia dessas pessoas criadas e coordenadas por você também inclui trabalho, mas essa parte é praticamente automática e não exige muito da sua atenção. Vez ou outra você desenvolve uma habilidade, garante que seu personagem não falte nem se apresente em estado deplorável no trabalho e só.

Aos poucos você vai percebendo que boa parte da vida consiste em se manter vivo.

Aconteceu que nesses últimos dias, quando bateu a culpa por não estar utilizando meu tempo para "produzir", um voz serena me apaziguou: "Calma, você só está elevando seu indicador de diversão..." e assim pude continuar livre.

Beira o patético, eu sei. Nem toda história de grandes conquistas é acompanhada por uma trilha sonora épica.

(tan tan-tan-tan, tan-tan-tan, tan, tan, tan, tan, tan!)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Correntinha Literária

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abrir na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Recebi a correntinha no trabalho, então a frase era:

"A elaboração dos planos de ação aconteceu através de oficinas participativas com métodos já experimentados, que incluem o mapeamento dos ativos da comunidade, a construção da árvore de problemas, definição de objetivos, ações, cronograma, responsáveis e orçamento."
(Educadores e Jovens em Ação - material de sistematização)

Mas aí eu pensei melhor e resolvi esperar chegar em casa e não perder o sentido literário da corrente. Então a que vale é:

"O velho veio sentar-se ao meu lado"
(O Dia do Curinga - Jostein Gaarder)

Passo a bola para: Lilian, Rodrigo, Roberto, André e Alessandra.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Uma vitória, uma provação.

Pelo menos deu tempo de comemorar.
Fronteiras são coisas difíceis de se construir, se você não está acostumado.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Um Certo Professor Universitário

De nada adianta estudar, escrever livros e conviver tanto com Paulo Freire se tudo o que se consegue incorporar de suas contribuições são as cadeiras organizadas em círculo. Se é somente para ouvir a verborragia, acho melhor a tradicional organização em fileiras. Pelo menos evita torcicolos.

Ouvir para si a crítica que se faz ao outro não é uma habilidade muito desenvolvida no mundo acadêmico. Até aí, nada diferente do restante da humanidade. Auto-crítica é um esporte para poucos.

Mas essa falha vinda dos intelectuais me irrita um pouco mais do vinda das pessoas em geral. Talvez pela frustração das minhas secretas esperanças de que inteligência, capacidade de análise, articulação dos pensamentos, etc (coisas que eles inegavelmente trazem dentro de si e aplicam muito bem em seus escritos) sejam capazes de produzir resultados mais palpáveis nas interações com as pessoas no mundo real.

E aqui estou eu novamente exigindo coerência das pessoas, assim como faço comigo mesma. E, convenhamos, nem eu mesma consigo me responder à altura de minhas exigências.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sobre mulheres e geriatras

"Nunca é tarde para amar" é uma comédia romântica bem divertida que está passando nos cinemas. Especialmente pela presença da personagem mãe-natureza interagindo a todo mometo com a Michele Pfeifer.

Envelhecer é algo que aterroriza as mulheres mais novas, mas não causa o mesmo efeito nas mulheres mais velhas. Foi o que disse a geriatra da minha mãe.

Se você for otimista, como eu, pensará "Que bom! Então as coisas vão se tornando mais tranquilas ao longo do tempo! As pessoas devem ir encontrando formas de serem felizes!".

Não, não era isso. O que ela quis dizer foi que as mulheres de gerações passadas não tinham problemas com a velhice. Ser bonita era necessário apenas até o casamento. Depois, marido, filhos, gorduras localizadas e rugas, tudo fazia parte da evolução natural (veja que ironia essa frase contendo "rugas" ser colocada no pretérito imperfeito do indicativo).

As mulheres de agora - resultados do pós feminismo, do foco na carreira e de seus adiamentos característicos, da solidão e da prontidão para entrar novamente, sempre que necessário, no mercado das conquistas amorosas e sexuais - essas são as que sofrem com o tema.

E todo mundo já percebeu. Não é necessário dizer que quem é vivo enxerga, em toda crise, oportunidades. Daí o bombardeio, o círculo vicioso, a expansão da neura para faixas etárias cada vez mais novas. São inumeráveis os produtos e serviços vendidos e as histórias de violências auto-cometidas.

E segue a infelicidade constante, fabricada e cultivada, movimentando a economia e empregando milhões de pessoas em todo o mundo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Surdos

Fui arremessada pra dentro do universo dos surdos essa semana. E descobri coisas incríveis.

Investigar sobre os surdos me fez relembrar várias coisas que já li e vi. Piaget, a saber das crianças sem estímulos para se desenvolver até muito depois dos 5 anos (nunca mais aprenderão na velocidade que teriam aprendido naquela fase). Baktin, ao considerar as diferenças de um pensamento estruturado por uma linguagem exclusivamente visual. Lacan, ao pensar na importância da linguagem para a formação da identidade.

Me fez ter compaixão por esses estrangeiros em seu próprio país. Me fez vibrar por suas conquistas recentes, pela chegada ao Ensino Superior (que traz como resultado imediato a criação de novas palavras em sua língua e a existência de modelos para suas crianças), pela oficialização da libras - o Brasil tem agora duas línguas oficiais - (o que traz como conseqüências a regulamentação da profissão de intérprete, a criação dos cursos de letras em libras, o interesse de pessoas em aprender a se comunicar com eles). Me aliviei ao saber da superação da pedagogia da oralização - essa violência semelhante à obrigação do canhoto tornar-se destro.

Os surdos são uma civilização que, geração após geração, precisa descobrir o paradeiro de seus membros. Os indivíduos surdos nascem, em geral, membros de uma civilização que não suspeitam existir, filhos de pessoas que não fazem parte da sua cultura.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Busca pela própria identidade - essa Odisséia - parte 2

Afirmo que a preguiça também é (ao lado da felicidade) uma bússola. No caso, ela aponta sempre obliquamente para o lado onde a gente NÃO está.

É plenamente possível arrastar a si mesmo, a contra gosto, para o lado desaconselhado pela preguiça. Sendo oblíqua - e não diametralmente oposta à essência da pessoa - desobedecê-la nunca deixará marcas de unhas pelos corredores ou sangue pelas paredes.

Eu, que sempre vi a preguiça como uma inimiga - prima pobre da depressão, sentimento inútil que nos tira a atividade sem oferecer nada em troca - desenvolvi várias formas de reagir contra essa pequena vilã.

Mas não há como não admitir: é patente a falta de brilho no olhar e a pouca força nos braços daqueles que se recusam a ceder à preguiça. Somente a "consciência do dever" trabalha a favor dessa gente.

Exatamente porque, neste caso, "dever" e "a favor" são conceitos extremamente discutíveis.

Quem já sentiu a cabeça e as mãos trabalhando antes mesmo de receber uma resposta afirmativa em relação à sua proposta de trabalho sabe do que eu estou falando.

E quem vibrou ao receber o "sim, com condicionantes" sabe mais ainda.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Espirais

Eis que a gente volta para o mesmo ponto.
Nossas percepções, entretanto, estão mais aguçadas - ou mais rápidas, pelo menos.
Mesmo voltando pro mesmo ponto, estamos um pouco a frente.
É de espirais - não de círculos - que é feita a vida da gente.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

De cima do muro

E se eu realmente decidir por levar minha vida para outros cantos?
Sim, porque é definitivamente necessário realizar certas conquistas.
E eu lá, será que vai dar pé?
E depois se, estando meu espaço vago, outro o preencher?
E se eu não puder lidar com tamanha perda?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Sinceramente?

Um tempo é um fim, só que mais covarde.

Um tempo não assume responsabilidade: afasta deixando a esperança e abandonando o que restou - que já não era tanto - para que a ação do vento lhe diminua a importância (coisa que nem sempre acontece na mesma proporção para os dois lados).

Prefiro o fim discutido por longas horas, entrando na madrugada - claro, olho no olho, com o carinho que cabe a todos aqueles a quem se quis bem.

O luto é ruim, mas passa.

E o futuro está sempre chegando aí...

(este é um post dedicado, para acompanhar o sorvete porcaria)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Mudança de Atitude - Enviando Currículos

É incrível como situações que podem parecer extremamente desconfortáveis, com uma pequena mudança de atitude, tornam-se até prazerosas.

Preparar e enviar currículos, por exemplo. Meus momentos dedicados a essa atividade sempre foram de angústia, muita auto-cobrança, ansiedade e uma mal velada auto-desvalorização.

Sempre havia "as empresas nas quais eu não trabalhei", "os cursos que deixei de fazer", "o espanhol que não pratiquei", "a faculdade que poderia ter sido muito melhor", "a pós que poderia ter sido acadêmica", etc, etc, etc.

Mas eis que, dessa vez, as coisas mudaram. O primeiro currículo que enviei dessa leva solicitava que fosse anexada uma carta de apresentação que contasse sobre minhas experiências e meus resultados, na área pra qual estava me candidatando.

Então um milagre aconteceu. Comecei a escrever e me dei conta de que realmente fiz uma série de coisas legais, muitas vezes com poucos ou nenhum recurso. Quando o medo de ser "pouco" bateu, eu lembrei de me orgulhar do que já pude fazer.

Lembrei de lembrar que são trabalhos respeitáveis, sim, mas de uma pessoa com menos de 10 anos de vida profissional - e que, portanto, meu perfil pode perfeitamente não ser suficiente para a posição em questão, no julgamento da pessoa que está me avaliando. Sim, existem caminhos a percorrer, qual é a novidade?

Aos poucos a leveza foi tomando conta da pessoa e enviar currículos foi se transmutando num exercício de autoconhecimento e desprendimento - tranquilo assim, com o tilintar das fichas caindo. Mas não adianta: a gente só aprende quando a gente aprende.

Nunca mais envio um currículo sem escrever uma carta de apresentação pra acompanhar. Nada como quebrar a dureza das listas com um contrapeso qualitativo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O nome do blog

Super poético, simbólico, significativo, esse nome do meu blog.
Só que o Google Adsense leva tudo ao pé da letra.
Resultado: exibe anúncios como esses que vocês podem ver.
Chega a ser engraçado.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Escolha profissional - Labirinto pessoal

Chega um tempo em que é preciso começar a restringir - e não ampliar - possibilidades. Aos 28 anos, meu leque ainda continua aberto demais no que tange à escolha da minha carreira.

Já fui marketeira, produtora de site, empresária, professora, ONGueira, entre outros - cada um com suas belezas e seus percalços.

Sempre me repergunto qual caminho seguir - e o simples fato de me perguntar isso mais uma vez é angustiante. Por isso achei tão importante a idéia que tive há dois dias atrás: montei, num caderno, o meu labirinto.

Na saída coloquei algumas coisas que já sei sobre mim: eu gosto do novo, de desenvolver habilidades, de criar soluções, de contribuir para o desenvolvimento das pessoas, de ser relevante para o Brasil, de fazer do futuro um lugar melhor pra se viver.

A partir daí os caminhos vão se dividindo entre as carreiras experimentadas e idealizadas, com seus tesouros e seus perigos, explicitando principalmente os desafios e as rotinas envolvidas naquela escolha.

A medida em que caminhava pelo meu labirinto, anotando tudo que minha cabeça trazia de bom e de ruim, tudo ia ficando mais claro: quais os caminhos mais difíceis, mais sombrios, mais distantes da minha essência (esses eu fazia cheios de curvas, caracóis e becos sem saída); e quais os caminhos que, ainda que não fossem uma perfeição de jardins em flor, ofereciam uma saída satisfatória no final do túnel.

Graças ao meu labirinto, hoje estou com 3 caminhos de curto prazo e 1 de longo prazo em vista. Não falarei sobre eles pra não estragar a surpresa, nem estimular sugestões (definitivamente essa é uma escolha que preciso fazer em reclusão comigo mesma).

Apenas decidi documentar a experiência, para o caso de existir mais alguém no mundo que possa se beneficiar dela.

domingo, 30 de setembro de 2007

Economistas

Estudar economia foi uma grande experiência na minha vida e senti muito a falta dela quando minha pós acabou. A boa notícia é que acabo de encontrar blogs que poderão suprir em parte minhas carências de "contrapontos econômicos".

Existe essa classe de pessoas que se dedicam a investigar todas as minhas ingenuidades organizacionais-sociais e prová-las equivocadas por A + B, com gráficos, causas e conseqüências perfeitamente lógicas.

Apesar de tanta inteligência, os economistas nunca conseguiram propor algo que efetivamente resolvesse certos problemas que eu enxergo. Talvez porque eles não enxerguem ou não acreditem que alguém deva se meter a resolvê-los unilateralmente. Essas entidades difusas, chamadas de "mãos" ou "equilíbrios" darão sempre conta dos recados.

Lamentações à parte, continuo pensando no que fazer pelo Brasil e os economistas têm muito a acrescentar nesse sentido.

Eis os links:
http://bdadolfo.blogspot.com/
http://gustibusgustibus.wordpress.com/

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Classificação: 248

99% ficaram para trás.
Mas não o suficiente.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Arquétipos

Ontem fiz um teste ergométrico. Teste chato, baseado no limite do esforço e do cansaço do paciente. Fiquei com a impressão de ter pedido pra parar um pouco antes do que poderia. Saí do laboratório com a forte idéia de que tenho pouca tolerância ao esforço.

Também me lembrei de ter chegado à conclusão de que tenho pouca tolerância à dor. É só ficar um com uma dorzinha de barriga que já começo a achar que sou a criatura mais infeliz e injustiçada do planeta.

A junção dessas duas características faria de mim, no mínimo, uma pessoa mimada e nojenta - perfil no qual eu absolutamente não me reconheço. Meu querido marido foi o responsável por jogar uma importante luz nessa questão.

Ele me lembrou que (um dia vou falar sobre a minha memória seletiva - que funciona que é uma beleza!!!) sou incansável e inabalável, dependendo do motivo pelo qual estou agindo. Me deu alguns exemplos e pelo processo dialético - tese, antítese e síntese - cheguei a uma nova e esclarecedora teoria.

Meu pensamento funciona por arquétipos. Se o sofrimento em questão pertence à constelação semântica do "Guerreiro", do "Mártir", do "Estadista", do "Revolucionário", então ele adquire status de totalmente aceitável e suportável. Se, pelo contrário, o sofrimento tem ares de "submisso", "escravo", "subjulgado", "judiado", então pra mim é impossível sequer pensar em conviver com ele. Muitas pessoas já me alertaram para certos pensamentos 8 ou 80 que costumo ter. Alertas que eu sempre tratei de forma 8 ou 80.

Sempre achei muito nobres e cheios de dignidade os arquétipos da primeira lista. Mas essas pessoas imaginárias são umas completas incompetentes em áreas que eu tenho tentado fortalecer. Aqui temos uma mudança importante: o valor que dou a minhas antigas referências mudou.

Agora, falando sobre o processo de pensamento em si: é um erro transformar todas as situações reais - com seus cinzas, nuances e misturas - em situações arquetípicas - puras, maniqueístas, simples de julgar. Irreais, em resumo. (justiça seja feita: a cada afirmação que faço, vêm como acompanhamentos 2 ou 3 ressalvas e/ou atenuantes, o que diminui a característica maniqueísta original).

Mas, querem saber a verdade? É só dar a entender que pretendo abandonar essa forma de pensar que já começo a sentir saudades. Vocês conseguem imaginar o que é ter sempre uma peça em cartaz dentro da cabeça? Metáforas, Dramas, Romances, Comédias, Aventuras, Ação!

Tudo isso me lembra uma propaganda do Free - só ele é assim - em que uma moça-artista (com latas de tinta colorida) ia e voltava num enorme balanço pendurado no teto. Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum.

Talvez eu tenha sido feita pra não crescer.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Hesitação ou"uma parte da minha cebola"

Dom Casmurro é genial. Pelo fato do narrador ser em primeira pessoa é impossível ter certeza da adequação de qualquer percepção ou julgamento expresso no livro.

Talvez seja por ter lido Dom Casmurro cedo demais; talvez seja por ter uma mãe que leu, releu, estudou e nos educou considerando os diversos Dom Casmurros de sua própria história; talvez seja simplesmente por ter auto-estima paradoxalmente baixa nessa altura da vida e dos acontecimentos...

O fato é que lá no fundo eu sei que não posso acreditar nas minhas percepções e nos meus julgamentos. Sim, também sei que eles são os únicos dos quais posso me valer. E é por isso que trabalho com eles: pela falta de outros melhores.

Consequência direta desse fato é que eu estou sempre repensando, sempre revendo, sempre hesitante, sempre semi-desistindo de tudo.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Concursando

Que me perdoem os especialistas,
mas didática (ou texto bem escrito) é fundamental.

Se tudo der certo, no próximo ano é "vem pra Caixa você também".
Boa sorte pra mim.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Apartamento

Depois de muito pesquisar apartamentos e afins, nos mais diversos locais e com as mais diversas configurações e obter sempre o mesmo reaultado final (frustração), resolvi dar um ultimatum neste objetivo e mudar a lógica das coisas.

Não quero mais encontrar "o melhor possível, dentro das nossas possibilidades, desde que dentro de certos critérios", conjunto esse pertencente ao grupo dos inexistentes.

Vamos tentar encontrar "o que realmente queremos nesse momento, independente do preço, sem chutar o pau da barraca" - para então fazermos um plano de mais longo prazo, com metas intermediárias, etc, etc, etc.

Legal. Então vamos ver... Achei! Acho que é esse! Uau, é caro. Quanto esse dinheiro rende na poupança? Caramba! Quanto é o aluguel no mesmo prédio? O-ou!

Sério: a juros de poupança que são baixinhos, o dinheiro rende mais parado no banco. Então vou deixar o dinheiro parado no banco, oras!

Problema resolvido.

Até parece.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sessão Nostalgia

Uma noite de histórias da sua época de criança na casa do seus pais.
Todo mundo merece uma.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Já que o assunto é inevitável...

Bom, vamos falar logo sobre isso, pra não ficar ultrapassado. Já aviso que o assunto é chato.

O episódio Renan Calheiros me deixou mal. Não pela coisa em si, porque dessas a gente já viu (e todos os dias vê muitas microcoisas parecidas). Me deixou mal porque por alguns instantes eu concordei que talvez não haja nada que possamos fazer por nossas almas.

Me arrependi de absolutamente todos os votos que dei e que deram em alguma coisa (também votei para alguns políticos que não foram eleitos). Um arrependimento de mãos atadas de quem não saberia em que outro fulano poderia depositar seu pequeno prezado direito.

Minha impressão é de que se nós, os humildemente auto-intitulados "bem intencionados", não entrarmos urgentemente para a política, não adiantará nada ficarmos pesquisando e esperneando depois de tudo ter dado errado mais uma vez. Além do mais, não há muito o que concluir a respeito de votações secretas.

Também me vem à cabeça a frase de um certo professor de economia. Ele afirmava que o bicho político é muito sensível a mensagens claras da sociedade. O problema é que mensagens claras nascem de grupos coesos, de assuntos bem discutidos. E o Brasil, infelizmente para este caso, é muito grande, muito diverso e muito pouco dado a papos sérios demais. Será que é possível criar fóruns de discussão política realmente representativos?

Os dois últimos parágrafos parecem duas fênix renascendo em meio às cinzas. Duas esperanças - bem mais complexas do que aquelas que eu tinha anteriormente - mas, de qualquer forma, duas esperanças.

O ideal seria que a partir de agora as esperanças evoluíssem pra alguma coisa mais concreta.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Busca pela própria identidade - essa Odisséia

Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso

Não, não gosto dos bons modos, não gosto


Eu gosto dos que têm fome

Dos que morrem de vontade

Dos que secam de desejo

Dos que ardem

(Adriana Calcanhoto)


Querer é muito difícil - conseguir o que se quer é incomparavelmente mais fácil. Querer se desaprende com a educação. (É mais conveniente aquele que prefere ceder à lutar - e quando a regra é lutar, quem ousará dizer que tem outros planos?)

Se é difícil lidar com as exigências de fora, é enlouquecedor lidar com as exigências de dentro. E após algumas décadas dessa confusão que se torna um hábito, é praticamente impossível discernir que voz é de quem.

A felicidade - vista por muitos como um objetivo - pra mim funciona muito mais como um termômetro, uma bússola. Identificar aquelas coisas que me trazem alegria é o caminho mais seguro até mim mesma. Nos outros momentos, é grande a chance de eu estar fingindo ser outra pessoa.

Ainda não sei exatamente o que quero, mas estou a caminho.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Lembranças da Caixa de Pandora

18 de maio de 2004. Quanto tempo. Quanta água debaixo da ponte. Quantos problemas superados. Quantos ainda a superar. Quantos novos problemas, frutos da mudança para a fase 4 desse "Jogo do desconhecido".

Naquela época eu era assídua. Naquela época eu era poética. De um estilo literário circular e cheio de lacunas. Assim, mais pessoas podiam se identificar e se aproximar; assim, raras pessoas podiam me identificar completamente, deixando a aproximação dentro dos limites do saudável.

Se hoje não me lembro de quais foram os motivadores de tantas coisas que escrevi é porque elas devem ter tido uma importância apenas momentânea. Mas quem pode saber se não são justamente as importâncias momentâneas que mais alteram o rumo da nossa história? Além do mais, olhar para pequenos significados sempre foi um deleite à parte.

As interações, como eram estimulantes! A ponto de causar dependência, é verdade. Blogs são os habitats mais propícios para tratar de certo tipos de assuntos, sem soar estranho. E de receber contribuições de pessoas tão distantes entre si, separadas pela história e pela geografia.

Tapetes de Penélope é um pouco saudades, um pouco projetos, um pouco permissão para tecê-los e desfiá-los, tanto quanto for necessário esse ir-e-vir.