quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Cotidiano

A vida tem sido boa comigo.

Levanto feliz para ir trabalhar, saio do trabalho feliz por poder ir pra casa, chego ao final da semana feliz por poder descansar por alguns dias, saio do final de semana feliz por poder voltar a produzir coisas bacanas.

Gostoso, como deve ser.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Disfarçando a disciplina

Muitos desafios são superados com a disciplina, que por sua vez leva ao hábito. Não sou muito fã de me impor disciplinas. Mas quando a disciplina aparece em forma de projeto, não é que a coisa fica até divertida?

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Tornar-se referência

Tenho me empenhado para entender como as pessoas se tornam referências em suas áreas de atuação. De uma certa forma, essa é a retomada de um sonho antigo, em que me via participando de muitas coisas, projetos, congressos, palestras... Ajudando outras pessoas a realizarem coisas grandes, realizando, por tabela, meu desejo de realizar coisas grandes.

Sempre que vejo nomes que foram convidados para eventos, comissões julgadoras, consultorias em projetos de grande expressão, corro para o google. E descubro que elas já participaram de outras coisas grandes (e não tão grandes) antes dessa, sempre realizando uma etapa essencial: a divulgação de experiências - próprias ou de outros.

São os tais "multiplicadores". Nem sempre são os que mais entendem do riscado, mas sempre são os que mais se dedicam a compartilhar o que sabem.

Então, se eu quero virar referência, é bom que eu comece:
- a escrever sobre o que faço para revistas, sites e outras publicações
- a escrever livros sobre o que faço
- a falar sobre o que faço
- a apresentar o que faço em eventos
- a submeter o que faço a concursos e prêmios
- a transitar pelos mundos onde acontecem as coisas que faço
- a conhecer pessoas que também fazem o que eu faço
- a fazer coisas junto com essas pessoas

Em resumo, estar em conexão, em rede.

(agir costuma funcionar melhor que pensar e escrever no blog - como em tudo, aliás)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Para lidar com minha hiperatividade profissional

Para lidar com minha hiperatividade profissional recorri a quase tudo. Até comprei um livro de auto-ajuda chamado "Meditações para Mulheres que Fazem Demais". Nem é preciso dizer que não ajudou.

O que ajudou mesmo foi ter encontrado o homem que viria a ser meu marido.

Antes que milhões de teorias equivocadas sejam esboçadas, vou contar logo o segredo. Não, eu não estava carente e não "me escondia" atrás do trabalho. Não, o marido também não é enérgico e não é de "fazer exigências". Também não foi exatamente a "convivência" com alguém que sabe relaxar que me fez aprender...

O nome da mudança na minha vida é... The Sims.

Meu marido me apresentou esse jogo de computador que já está em sua sei-lá-qual edição e consiste numa idéia simples: você administra a vida cotidiana de pessoas que você cria. Você verifica e provê o que sua pessoa precisa: banheiro, comida, banho, socialização, ambiente agradável, descanso, diversão. Também faz com que ela realize suas aspirações e evite que seus temores se realizem.

O dia-a-dia dessas pessoas criadas e coordenadas por você também inclui trabalho, mas essa parte é praticamente automática e não exige muito da sua atenção. Vez ou outra você desenvolve uma habilidade, garante que seu personagem não falte nem se apresente em estado deplorável no trabalho e só.

Aos poucos você vai percebendo que boa parte da vida consiste em se manter vivo.

Aconteceu que nesses últimos dias, quando bateu a culpa por não estar utilizando meu tempo para "produzir", um voz serena me apaziguou: "Calma, você só está elevando seu indicador de diversão..." e assim pude continuar livre.

Beira o patético, eu sei. Nem toda história de grandes conquistas é acompanhada por uma trilha sonora épica.

(tan tan-tan-tan, tan-tan-tan, tan, tan, tan, tan, tan!)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Correntinha Literária

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abrir na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Recebi a correntinha no trabalho, então a frase era:

"A elaboração dos planos de ação aconteceu através de oficinas participativas com métodos já experimentados, que incluem o mapeamento dos ativos da comunidade, a construção da árvore de problemas, definição de objetivos, ações, cronograma, responsáveis e orçamento."
(Educadores e Jovens em Ação - material de sistematização)

Mas aí eu pensei melhor e resolvi esperar chegar em casa e não perder o sentido literário da corrente. Então a que vale é:

"O velho veio sentar-se ao meu lado"
(O Dia do Curinga - Jostein Gaarder)

Passo a bola para: Lilian, Rodrigo, Roberto, André e Alessandra.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Uma vitória, uma provação.

Pelo menos deu tempo de comemorar.
Fronteiras são coisas difíceis de se construir, se você não está acostumado.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Um Certo Professor Universitário

De nada adianta estudar, escrever livros e conviver tanto com Paulo Freire se tudo o que se consegue incorporar de suas contribuições são as cadeiras organizadas em círculo. Se é somente para ouvir a verborragia, acho melhor a tradicional organização em fileiras. Pelo menos evita torcicolos.

Ouvir para si a crítica que se faz ao outro não é uma habilidade muito desenvolvida no mundo acadêmico. Até aí, nada diferente do restante da humanidade. Auto-crítica é um esporte para poucos.

Mas essa falha vinda dos intelectuais me irrita um pouco mais do vinda das pessoas em geral. Talvez pela frustração das minhas secretas esperanças de que inteligência, capacidade de análise, articulação dos pensamentos, etc (coisas que eles inegavelmente trazem dentro de si e aplicam muito bem em seus escritos) sejam capazes de produzir resultados mais palpáveis nas interações com as pessoas no mundo real.

E aqui estou eu novamente exigindo coerência das pessoas, assim como faço comigo mesma. E, convenhamos, nem eu mesma consigo me responder à altura de minhas exigências.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sobre mulheres e geriatras

"Nunca é tarde para amar" é uma comédia romântica bem divertida que está passando nos cinemas. Especialmente pela presença da personagem mãe-natureza interagindo a todo mometo com a Michele Pfeifer.

Envelhecer é algo que aterroriza as mulheres mais novas, mas não causa o mesmo efeito nas mulheres mais velhas. Foi o que disse a geriatra da minha mãe.

Se você for otimista, como eu, pensará "Que bom! Então as coisas vão se tornando mais tranquilas ao longo do tempo! As pessoas devem ir encontrando formas de serem felizes!".

Não, não era isso. O que ela quis dizer foi que as mulheres de gerações passadas não tinham problemas com a velhice. Ser bonita era necessário apenas até o casamento. Depois, marido, filhos, gorduras localizadas e rugas, tudo fazia parte da evolução natural (veja que ironia essa frase contendo "rugas" ser colocada no pretérito imperfeito do indicativo).

As mulheres de agora - resultados do pós feminismo, do foco na carreira e de seus adiamentos característicos, da solidão e da prontidão para entrar novamente, sempre que necessário, no mercado das conquistas amorosas e sexuais - essas são as que sofrem com o tema.

E todo mundo já percebeu. Não é necessário dizer que quem é vivo enxerga, em toda crise, oportunidades. Daí o bombardeio, o círculo vicioso, a expansão da neura para faixas etárias cada vez mais novas. São inumeráveis os produtos e serviços vendidos e as histórias de violências auto-cometidas.

E segue a infelicidade constante, fabricada e cultivada, movimentando a economia e empregando milhões de pessoas em todo o mundo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Surdos

Fui arremessada pra dentro do universo dos surdos essa semana. E descobri coisas incríveis.

Investigar sobre os surdos me fez relembrar várias coisas que já li e vi. Piaget, a saber das crianças sem estímulos para se desenvolver até muito depois dos 5 anos (nunca mais aprenderão na velocidade que teriam aprendido naquela fase). Baktin, ao considerar as diferenças de um pensamento estruturado por uma linguagem exclusivamente visual. Lacan, ao pensar na importância da linguagem para a formação da identidade.

Me fez ter compaixão por esses estrangeiros em seu próprio país. Me fez vibrar por suas conquistas recentes, pela chegada ao Ensino Superior (que traz como resultado imediato a criação de novas palavras em sua língua e a existência de modelos para suas crianças), pela oficialização da libras - o Brasil tem agora duas línguas oficiais - (o que traz como conseqüências a regulamentação da profissão de intérprete, a criação dos cursos de letras em libras, o interesse de pessoas em aprender a se comunicar com eles). Me aliviei ao saber da superação da pedagogia da oralização - essa violência semelhante à obrigação do canhoto tornar-se destro.

Os surdos são uma civilização que, geração após geração, precisa descobrir o paradeiro de seus membros. Os indivíduos surdos nascem, em geral, membros de uma civilização que não suspeitam existir, filhos de pessoas que não fazem parte da sua cultura.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Busca pela própria identidade - essa Odisséia - parte 2

Afirmo que a preguiça também é (ao lado da felicidade) uma bússola. No caso, ela aponta sempre obliquamente para o lado onde a gente NÃO está.

É plenamente possível arrastar a si mesmo, a contra gosto, para o lado desaconselhado pela preguiça. Sendo oblíqua - e não diametralmente oposta à essência da pessoa - desobedecê-la nunca deixará marcas de unhas pelos corredores ou sangue pelas paredes.

Eu, que sempre vi a preguiça como uma inimiga - prima pobre da depressão, sentimento inútil que nos tira a atividade sem oferecer nada em troca - desenvolvi várias formas de reagir contra essa pequena vilã.

Mas não há como não admitir: é patente a falta de brilho no olhar e a pouca força nos braços daqueles que se recusam a ceder à preguiça. Somente a "consciência do dever" trabalha a favor dessa gente.

Exatamente porque, neste caso, "dever" e "a favor" são conceitos extremamente discutíveis.

Quem já sentiu a cabeça e as mãos trabalhando antes mesmo de receber uma resposta afirmativa em relação à sua proposta de trabalho sabe do que eu estou falando.

E quem vibrou ao receber o "sim, com condicionantes" sabe mais ainda.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Espirais

Eis que a gente volta para o mesmo ponto.
Nossas percepções, entretanto, estão mais aguçadas - ou mais rápidas, pelo menos.
Mesmo voltando pro mesmo ponto, estamos um pouco a frente.
É de espirais - não de círculos - que é feita a vida da gente.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

De cima do muro

E se eu realmente decidir por levar minha vida para outros cantos?
Sim, porque é definitivamente necessário realizar certas conquistas.
E eu lá, será que vai dar pé?
E depois se, estando meu espaço vago, outro o preencher?
E se eu não puder lidar com tamanha perda?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Sinceramente?

Um tempo é um fim, só que mais covarde.

Um tempo não assume responsabilidade: afasta deixando a esperança e abandonando o que restou - que já não era tanto - para que a ação do vento lhe diminua a importância (coisa que nem sempre acontece na mesma proporção para os dois lados).

Prefiro o fim discutido por longas horas, entrando na madrugada - claro, olho no olho, com o carinho que cabe a todos aqueles a quem se quis bem.

O luto é ruim, mas passa.

E o futuro está sempre chegando aí...

(este é um post dedicado, para acompanhar o sorvete porcaria)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Mudança de Atitude - Enviando Currículos

É incrível como situações que podem parecer extremamente desconfortáveis, com uma pequena mudança de atitude, tornam-se até prazerosas.

Preparar e enviar currículos, por exemplo. Meus momentos dedicados a essa atividade sempre foram de angústia, muita auto-cobrança, ansiedade e uma mal velada auto-desvalorização.

Sempre havia "as empresas nas quais eu não trabalhei", "os cursos que deixei de fazer", "o espanhol que não pratiquei", "a faculdade que poderia ter sido muito melhor", "a pós que poderia ter sido acadêmica", etc, etc, etc.

Mas eis que, dessa vez, as coisas mudaram. O primeiro currículo que enviei dessa leva solicitava que fosse anexada uma carta de apresentação que contasse sobre minhas experiências e meus resultados, na área pra qual estava me candidatando.

Então um milagre aconteceu. Comecei a escrever e me dei conta de que realmente fiz uma série de coisas legais, muitas vezes com poucos ou nenhum recurso. Quando o medo de ser "pouco" bateu, eu lembrei de me orgulhar do que já pude fazer.

Lembrei de lembrar que são trabalhos respeitáveis, sim, mas de uma pessoa com menos de 10 anos de vida profissional - e que, portanto, meu perfil pode perfeitamente não ser suficiente para a posição em questão, no julgamento da pessoa que está me avaliando. Sim, existem caminhos a percorrer, qual é a novidade?

Aos poucos a leveza foi tomando conta da pessoa e enviar currículos foi se transmutando num exercício de autoconhecimento e desprendimento - tranquilo assim, com o tilintar das fichas caindo. Mas não adianta: a gente só aprende quando a gente aprende.

Nunca mais envio um currículo sem escrever uma carta de apresentação pra acompanhar. Nada como quebrar a dureza das listas com um contrapeso qualitativo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O nome do blog

Super poético, simbólico, significativo, esse nome do meu blog.
Só que o Google Adsense leva tudo ao pé da letra.
Resultado: exibe anúncios como esses que vocês podem ver.
Chega a ser engraçado.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Escolha profissional - Labirinto pessoal

Chega um tempo em que é preciso começar a restringir - e não ampliar - possibilidades. Aos 28 anos, meu leque ainda continua aberto demais no que tange à escolha da minha carreira.

Já fui marketeira, produtora de site, empresária, professora, ONGueira, entre outros - cada um com suas belezas e seus percalços.

Sempre me repergunto qual caminho seguir - e o simples fato de me perguntar isso mais uma vez é angustiante. Por isso achei tão importante a idéia que tive há dois dias atrás: montei, num caderno, o meu labirinto.

Na saída coloquei algumas coisas que já sei sobre mim: eu gosto do novo, de desenvolver habilidades, de criar soluções, de contribuir para o desenvolvimento das pessoas, de ser relevante para o Brasil, de fazer do futuro um lugar melhor pra se viver.

A partir daí os caminhos vão se dividindo entre as carreiras experimentadas e idealizadas, com seus tesouros e seus perigos, explicitando principalmente os desafios e as rotinas envolvidas naquela escolha.

A medida em que caminhava pelo meu labirinto, anotando tudo que minha cabeça trazia de bom e de ruim, tudo ia ficando mais claro: quais os caminhos mais difíceis, mais sombrios, mais distantes da minha essência (esses eu fazia cheios de curvas, caracóis e becos sem saída); e quais os caminhos que, ainda que não fossem uma perfeição de jardins em flor, ofereciam uma saída satisfatória no final do túnel.

Graças ao meu labirinto, hoje estou com 3 caminhos de curto prazo e 1 de longo prazo em vista. Não falarei sobre eles pra não estragar a surpresa, nem estimular sugestões (definitivamente essa é uma escolha que preciso fazer em reclusão comigo mesma).

Apenas decidi documentar a experiência, para o caso de existir mais alguém no mundo que possa se beneficiar dela.