quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Depois daquela noite no Clube Ipê

A década de 90 é marcada pelo aumento de casos de AIDS. Nos anos 90 morreu Renato Russo. Freddie Mercury também. Cazuza tinha morrido no final dos 80, mas eu era pequena demais pra perceber a sua ausência.

Minha madrinha, que era atriz, era tão preocupada com a doença (possivelmente tinha muitos amigos e conhecidos infectados) que antecipou muitas das conversas sobre sexo, camisinha, auto-preservação, que eu fatalmente viria a ter com os adultos.

Aliás, pensando bem, essa minha madrinha sempre antecipava as coisas. Eu devo ter ganho meu primeiro absorvente aos 8 anos de idade, pois ela ganhou um kit da Johnsons e Johnsons que continha vários livrinhos, incluindo "Como falar sobre sexo com minha filha" e me deu. Vamos combinar que estava um pouco cedo para eu pensar nisso.

Sexo eu já sabia que existia desde beeeem cedo. Li aquele livro "De onde viemos?" que explicava tudo bem direitinho, ainda na infância. Mas o olhar menos "científico" para a questão eu tive pela primeira vez depois daquela noite no Clube Ipê.

Eu gostava muito de sair para as danceterias com as colegas de escola, especialmente pra poder conversar de madrugada, já no escuro, quando todas já estavam deitadas na cama. Naquele dia, a conversa se centrou na Milena discorrendo sobre suas recentes ousadias durante uma ficada com um moço. Não se tratava de nada mais do toques em locais estratégicos, mas eram suficientes para que as meninas perguntassem, abestalhadas: "E você deixou???". Ela respondia a tudo com bastante tranquilidade dizendo que sim, visto que "ele queria e ela também". A lógica me pareceu bastante razoável.

Ainda demorou um tanto para eu querer coisas semelhantes, mas a lembrança daquele raciocínio inquestionável certamente tornou tudo mais fácil, quando foi a minha vez.

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