quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Palavras de criança

Aproveitando o post anterior sobre palavras escritas, vale a pena escrever sobre memórias envolvendo minhas palavras faladas.

Uma das primeiras coisas que minha mãe me ensinou a falar foi meu número de telefone. Imaginem um toquinho de gente falando "869-2165". O plano ela era que, caso a gente se perdesse, quem achasse pudesse ligar em casa. Foi exatamente isso que eu fiz quando me perdi no CEASA. Lembro vagamente de algumas cenas desse dia.

Outra coisa que minha avó sempre se lembra é que eu e meu irmão nem ligávamos quando algum brinquedo quebrava. A gente falava "papai conseita" e continuava brincando com alguma outra coisa até meu pai chegar do trabalho.

Eu chamava bolacha de "Pa-ti-tum". Ninguém sabe muito bem de onde eu tirei essa palavra, mas desconfio que essa é a onomatopéia referente ao barulho que o maxilar do meu pai faz quando ele come alguma coisa crocante.

Agora, a história mais engraçada envolvendo coisas que eu falei (e que minha tia não me deixa esquecer) e aconteceu quando eu estava mais grandinha, falando frases mais completas.

Foi assim:

Meu pai e meu tio deram pra comentar sobre os atributos femininos traseiros, comparando-os ao formato das frutas. Cometeram o erro primário cometido por todos os adultos em algum momento: o de considerar que a criança não está prestando atenção na conversa ou que, caso esteja, nunca fará nada com as informações obtidas.

Pois bem: aquele ano era o ano em que o fio dental estava sendo lançado. E eis que uma das pioneiras passou ao lado do meu baldinho de areia e, voila!, o formato era exatamente o formato da pêra! Saí em disparada pela praia atrás do meu pai gritando: "Pai, olha a bunda que você gosta!". Minha tia ri até hoje das caras enverganhadíssimas do meu pai e da moça (que no final das contas deve ter achado uma péssima idéia ter comprado aquele biquini diferente).

Eu só me lembro da minha sincera preocupação em fazer com que meu pai entendesse o que eu estava dizendo (ele estranhamente parecia não estar me ouvindo, apesar de eu estar falando bem alto).

Esse episódio talvez tenha sido a minha porta de entrada para o mundo dos adultos, no sentido de entender um pouco melhor os conceitos de público e privado nas comunicações, especialmente quando o assunto envolve sexo.

Freud explica, mas explica sempre atrasado e nunca para crianças.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pombas!!
Essa história da bunda e seus formatos frutíferos também andou por aqui em família...pêras, maçãs, etc...
Abs

Aline disse...

Amiga, devo lhe dizer que também me perdi no CEASA. Mas mamis não havia me ensinado o número de telefone do socorro! :) Beijos,