sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cartas de amor e desamor

Nos anos 90 aconteceu a popularização do e-mail. Mas eu ainda escrevi muitas cartas antes do e-mail efetivamente ter um impacto na minha vida.

A sensação de receber cartas é incomparavelmente mais interessante do que a de receber e-mails. Especialmente as cartas de amor.

Cartas vêm escritas na letra da pessoa, muitas vezes borrifada com o perfume da pessoa e nunca escrita secamente, até porque escrever e postar cartas exige um esforço e, portanto, um envolvimento e uma intenção maior por parte do remetente de ver a mensagem chegar a seu destino.

Escrevi algumas cartas de amor para o meu primeiro namorado, um homem lindo e alto e cheio de histórias interessantes pra contar.

A história da conquista desse primeiro namoro é bem bonita. Teve direito a olhares, disputa entre amigos pelo amor da donzela, rosa roubada com recado nas folhas, aquela pontinha de ciúmes ao vê-lo abraçado com outras modelos na sessão de moda da revista Querida.

Infelizmente, o moço escreveu casal com "u" numa carta que me enviou. Acredite se quiser: aquilo foi demais pra mim. Óbvio que ele nunca soube que este foi o verdadeiro motivo da coisa mais cruel que fiz em toda minha vida: terminei um namoro à distância de 6 meses, por telefone, depois de 4 meses na base das correspondências. Lembro que fiz isso para não correr o risco de me encantar por ele mais uma vez e não ter coragem de levar a cabo minha decisão.

Óbvio que, se tivesse a cabeça de hoje, eu teria feito tudo diferente.

Antonio Caetano Cintra Neto, se um dia você procurar seu nome no Google e cair aqui, saiba que eu lamento profundamente pelo que aconteceu. Você era uma pessoa muito bacana, de verdade, não merecia isso. Espero que hoje você seja/esteja feliz.

Meu marido tem o palpite de que, se tivermos a chance de conversar com quem nos traumatizou, nos surpreenderemos ao perceber que esta pessoa talvez nem se lembre do que fez - tão preocupada que terá estado em cuidar de seus próprios traumas, causados por outras pessoas.

Ou talvez se lembre perfeitamente, mas revele que não tinha um único bom motivo pra fazer o que fez.

2 comentários:

Unknown disse...

Cá,

Acabei de tentar colocar o nome dele no Google para ver se já conseguiria achar esse post. Boas notícias: é o primeiro da lista! Mesmo que ele aperte o "I'm Feeling Lucky" chegaria aqui!

Beijos!

Anônimo disse...

Seu texto me fez lembrar de uma namorada que passou alguns dias no Rio. Ela me trouxe cartões postais lindos. Fez mais: usou-os como diário de viagem. Só que ela escreveu "socego". Assim mesmo, com c. Eu peguei uma caneta e a corrigi na hora... Depois desse golpe ainda fomos assistir ao filme "cidade dos anjos" no cinema: ela chorava na saida e pensava que eu estava zombando disso. Até hoje penso que foi por causa daquele "c"... Ei, feliz dois mil e love pra ti.