sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O momento do "click"

A pré-adolescência e adolescência é um período realmente confuso. Especialmente no caso de uma pessoa razoável.

Nesse momento da vida, Você começa a desconfiar firmemente que "ser você" é diferente de "ser filho de seus pais". Viveu toda sua vida equivocado e agora você tem duas opções:
1) radicalizar, afirmando que "para ser você mesmo, de agora em diante, não pode mais ser filho dos seus pais" - o que é evidentemente ridículo e contrário às leis da natureza; e
2) tentar encontrar, naquele mar de coisas que seus pais te deram, aquelas que já estavam com você, desde o princípio.

Pessoas razoáveis escolhem o segundo caminho. E isso, meus amigos, é bem pior que encontrar agulha no palheiro (ao procurar agulhas você sabe que formato, temperatura e brilho elas têm). De forma que considero ter saído da adolescência apenas em 2003, aos 24 anos (meu consolo é que muita gente morre velhinha, sem ter superado essa fase).

Os próximos posts contém um pouco da história dessa busca. Os pais, que povoaram boa parte das histórias dos anos 80, cedem lugar a outros personagens, nos anos 90.

No início dos 90, quem começou a me colocar no caminho da "minha verdade" não foi uma pessoa, mas uma revista - que já não existe mais, infelizmente. O nome era Querida, uma revista para meninas adolescentes, de muitas páginas (tinha até lombada), que discutia assuntos de gente jovem, contando com o ponto de vista de gente jovem que quer se entender, além de contrapontos oferecidos por psicólogos e, mais raramente, filósofos e sociólogos. Uma revista realmente diferenciada.

Não sei se a gente escolhe a revista ou a revista nos escolhe, mas sei que cresci muito com as reflexões que ela me proporcionou.

Pena que não consegui fazer o mesmo por ela (como se isso fosse possível...). Pena que minha(s) filha(s) não terão o mesmo benefício.

Um comentário:

Patrícia Álvares disse...

Camila,

estou fazendo um trabalho sobre essa revista, uma análise do conteúdo nos anos de 1999 e 2000, quando a revista mudou de editora e teve toda uma reformulação gráfica e editorial. Não sei se vc acompanhou esse processo. Mas o fato é que, até agora não consegui descobrir qual foi exatamente a última edição da revista.

Por acaso vc teria exemplares antigos da Querida, para me emprestar? Desculpe o abuso. =)