terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O primeiro beijo

Meu primeiro beijo aconteceu no condomínio do meu tio, depois de um moço chamado Luis (e apelidado Camões) ter se encantado por uma menina "de estilo" que viu jogando vôlei na quadra do prédio.

O "estilo" a que ele se referia era o prenúncio do grunge, movimento da música e da moda que aconteceu poucos anos depois, em meados dos anos 90. Calça de moleton trazida à força até a altura dos joelhos, camiseta mais-larga-impossível para tirar qualquer vestígio de curva que pudesse ainda estar sugerida, cabelo amarrado de qualquer jeito num rabo de cavalo preso com elástico feito de meia fina.

Paquera durante o jogo, telefonemas durante toda a semana, "love of my life" tocada no violão do outro lado da linha e a certeza de ser única, diferente de todas as outras do universo.

Uma vez que estava "amando e sendo amada", cheguei à conclusao de que precisava ser menos negligente com meu visual. Fiz uma série de pequenos ajustes que estavam ao meu alcance e lá estava eu na semana seguinte, toda bonitinha, para emprestar um livro que ele nunca leria (nem devolveria).

O que aconteceu foi que o moço não encontrou a pessoa única que ele tinha idealizado quando me viu pela primeira vez. E eu desperdicei meu primeiro beijo com alguém que já estava visivelmente decepcionado com a pessoa que encontrou depois de uma semana.

Daí pra frente tive a certeza de que o melhor que temos a fazer em se tratando de relacionamentos é nos mostrar como somos, sempre.

E torcer para que o que somos tenha liga com o que o outro é.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tenha dúvidas, amiga, não tenha dúvidas. Adorei. Beijos.