sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vida de facilitadora - parte 1

Esse foi um dia para guardar para a posteridade. Acabei de voltar da facilitação do 4º encontro de um processo de formação para gestores escolares. Mesmas escolas, dois períodos, dois grupos muito diferentes.

Esse 4º encontro foi um momento de inflexão. No final do 3º encontro, uma gestora do grupo da tarde nos dá uma informação valiosa: ela gostaria de falar menos e receber mais de nossas formações.

Somos contrutivistas. Queremos construir a partir do que nos traz o grupo. Especificamente nesse caso, entendíamos que em nossas discussões muitas trocas preciosas estavam acontecendo, no sentido de questionar algumas crenças limitadoras cultivadas por eles. Mas não adianta o formador enxergar isso, se o participante não enxerga.

Foi um período de planeamento intenso, de muitos auto-questionamentos e muito trabalho de resgate daquilo que tínhamos considerado pérolas, para reuni-las e exibi-las numa vitrine, iluminando-as.

No primeiro grupo, nem foi preciso colocar as peças na vitrine. Alguns participantes chegaram radiantes com os resultados que já começavam a obter a partir de nossas propostas de reflexão (exercícios de visão de futuro, diagnósticos da situação atual, escrita da história institucional da escola). Me senti plena e surpresa. Para algumas pessoas o processo tinha sido ainda mais rico do que o imaginado nos meus sonhos mais irrealistas.

No segundo grupo, descobrimos que tratava-se de uma unanimidade contrária àquele formato de formação. Queriam textos de teóricos, que inspirassem a reflexão. De alguma forma foi o que adivinhamos pelas poucas palavras que, num gesto corajoso e amoroso de uma delas, decidiu fazer a crítica a quem era de direito. Mudamos e isso foi reconhecido pelo grupo. Só então acreditaram que tinham voz e que, de fato, podiam ser ouvidos. Só então puderam ouvir a nossa voz, que reinteradamente afirmou isso, sem sucesso.

Seguiremos num caminho de aporte de idéias, informações, conhecimento e reflexões mais denso, oferecido pelos teóricos, valorizado por ambos os grupos.

Graças a algumas pessoas do primeiro grupo, seguirei mais confiante nas potencialidades da formação com o formato que concebi inicialmente. Graças ao segundo grupo, seguirei mais desconfiante de que esse é um processo a ser oferecido para poucos (e bons).