quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Transações

Enquanto, nos anos 80, Ronald Reagan e Margareth Tatcher traçavam a política neoliberal, eu e minha família empreendíamos como podíamos.

Meu pai inventou um aparelho, apelidado carinhosamente de canetinha, que, em contato com a pele, acendia um led vermelho ao encontrar uma terminação nervosa. Chegou a vender o aparelho para alguns médicos, recebeu encomendas de acupunturistas, foi legal. Eu ajudava a fazer soldas, acompanhava a produção das plaquinhas eletrônicas e os trabalhos de construção e utilização dos moldes em durepox.

Eu, do meu lado, também ensaiava minhas micro empresas. Uma vez inventei um "perfume de rosas". Amassetei um punhado de pétalas brancas caídas da roseira da minha avó, misturei com álcool e montei uma barraquinha no portão. Não vendi nenhuma gota da poção afrodisíaca, obviamente.

Algum tempo depois, me encantei por um envelope da minha coleção de papeis de carta. Ele tinha um corte interessante, barroco como vim a saber depois. Meu pai anunciou que me mostraria uma coisa foi abrindo o envelope completamente, cuidadosamente, inclusive naquelas partes coladas. Eu fiquei brava por ele estar estragando tamanha preciosidade, ao que ele respondeu com o tradicional "péra, péra, péra". Então ele me mostrou que, a partir daquele envelope, era possível fazer um molde para construir outros semelhantes. Fiz esse e outros, montei envelopes de várias cores, e consegui vender cerca de meia dúzia (não cobriu meu investimento inicial, mas foi bom).

Essas primeiras experiências (depois vieram outras, inclusive com CNPJ) são de alguma forma emblemáticas do que, até o momento, vem a ser meu relacionamento com os negócios. Muito envolvimento, carinho, coragem, diversão. Tino comercial que é bom...

Quem sabe um dia?

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