sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Amizades

Nos anos 80, o Colégio Gávea existia.

O Gávea é uma escola que guardo com muito carinho dentro do meu coração. Reencontrei sua antiga dona numa viagem recente a Petrópolis e entendi melhor porque a escola era do jeito que era: crianças passando o recreio na sala da diretora (explorando jogos e outras coisas interessantes), aula de ouvir histórias e de cantas música dos titãs (dentro da própria grade curricular), meu poeminha sobre a Amazônia virando ficha de estudos de todos os alunos da 4ª série... Como escola, era um sonho (algo que um dia eu quero proporcionar pros meus filhos). Mas também foi palco de muitos momentos difíceis na minha vida.

Por um azar incrível, as duas pessoas que eu costumava chamar de amigas no início da minha vida eram tudo, menos amigas. Hoje sei que existe nome para o que eu vivia: bullying. Não recomendo.

Minha reação ao ser colocada continuamente "de gelo" (situação em que a regra é as pessoas agirem como se você não existisse), orientada pela voz experiente da minha mãe, foi aprender a não ligar, a viver sem precisar de amigos, a me bastar.

Sinto que, mesmo depois de passada a fase brava, nunca mais consegui incluir realmente as amizades na minha vida. Elas existem, eu adoro de paixão meus amigos, mas eles ocupam um lugar marginal na minha rotina. Isso é uma coisa que eu acho, de certa forma, triste (mas só quando paro pra pensar. Do contrário, nem percebo que isso acontece).

Aos dez anos, quando eu estava na 4ª série, quase que tudo passou a ser diferente. Por pouco. Eu me espantei de mudar de classe e tanta gente passar a me achar uma pessoa legal. Fui incluída, convidada, considerada, enturmada. Até hoje acho que aquele foi o ano mais feliz da minha vida (até pelo contraste com os anteriores).

Foi nesse ano que a escola fechou e, com ela, fechou-se também minha janela de oportunidade. As pessoas se espalharam por muitos colégios e eu, bem, não senti imediatamente o quanto tinha me ressentido.

Creio que foi desse momento como em diante que eu eu coloquei definitivamente minhas metas (meus escudos) acima dos meus sentimentos. A partir daí fiz muitas escolhas sem me dar ouvidos de fato. O que me levou pra longe de mim mesma muitas (e importantes) vezes.

Hoje me tenho mais perto. Porém com as idiossincrasias que carrego dessas andanças. Com muitas coisas ainda por equilibrar.

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