quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Surdos

Fui arremessada pra dentro do universo dos surdos essa semana. E descobri coisas incríveis.

Investigar sobre os surdos me fez relembrar várias coisas que já li e vi. Piaget, a saber das crianças sem estímulos para se desenvolver até muito depois dos 5 anos (nunca mais aprenderão na velocidade que teriam aprendido naquela fase). Baktin, ao considerar as diferenças de um pensamento estruturado por uma linguagem exclusivamente visual. Lacan, ao pensar na importância da linguagem para a formação da identidade.

Me fez ter compaixão por esses estrangeiros em seu próprio país. Me fez vibrar por suas conquistas recentes, pela chegada ao Ensino Superior (que traz como resultado imediato a criação de novas palavras em sua língua e a existência de modelos para suas crianças), pela oficialização da libras - o Brasil tem agora duas línguas oficiais - (o que traz como conseqüências a regulamentação da profissão de intérprete, a criação dos cursos de letras em libras, o interesse de pessoas em aprender a se comunicar com eles). Me aliviei ao saber da superação da pedagogia da oralização - essa violência semelhante à obrigação do canhoto tornar-se destro.

Os surdos são uma civilização que, geração após geração, precisa descobrir o paradeiro de seus membros. Os indivíduos surdos nascem, em geral, membros de uma civilização que não suspeitam existir, filhos de pessoas que não fazem parte da sua cultura.

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