quarta-feira, 17 de junho de 2009

Uma carta para o passado

Ontem transformei o que pra mim é uma tarefa bastante dificil em redenção.

Encarando o e-mail que enviaria para os candidatos não escolhidos no processo seletivo, pensei nas vezes em que eu mesma recebi e-mails parecidos. Pensei no que gostaria de ter sabido sobre processos seletivos naquela época. Pensei nas conclusões equivocadas que tirei (e que foram um grande atraso de vida).

O resultado desse revival foi que escrevi o texto abaixo.

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Prezado candidato,

Concluimos a primeira fase da seleção de estagiários para a vaga de auxiliar de classes de reforço, da qual você participou.

O Instituto buscava, nessa primeira fase:

1) a paixão por ensinar;
2) a correta compreensão e opção pelo método sócio-construtivista de ensino e aprendizagem;
3) a crença de que todo ser humano é capaz de aprender.

Por algum motivo, na entrevista da qual você participou, não pudemos identificar um ou mais desses aspectos.

Cada instituição busca perfis de profissionais que combinem mais com suas crenças e formas de entender o mundo. Nosso desejo é que você, sem abandonar aquilo que acredita e traçando seu caminho com coerência, possa encontrar seu espaço no mercado de trabalho, num local que, por compartilhar das mesmas concepções, possa aproveitar todo o potencial que você vem desenvolvendo com base nas suas escolhas.

É possível também que você traga consigo, apesar de não ter demonstrado com clareza, aquilo que procurávamos. Nesse caso, nosso desejo é de que, numa próxima oportunidade, esses aspectos estejam mais fortalecidos e que possamos vir a realizar, lado a lado, a missão de contribuir para a melhoria da educação no Brasil.

Um grande abraço e nossos sinceros agradecimentos pela sua participação.
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Não sei se muda alguma coisa o "não" vir assim ou de outra forma. Também não sei se existe atenção ou alma suficientes numa hora como essa para se ler um e-mail desses "com bons olhos".

Mas eu gostei.

Sinceramente? Quem duvida que o principal destinatário desse e-mail tenha sido, desde o princípio, eu mesma?

Um comentário:

Gabriel disse...

Achei tão doce. Mas acabo concordando contigo: a resposta, talvez, seja para você mesma. E ter esse senso é uma maturidade absurda...