Esses dias soube que alguém encontrou o diário do Tataravô. E me deu vontade de também deixar um diário para meus tataranetos.
Queria que fosse um desses diários com capa de couro e símbolo rococó na frente. Coisa de quem não pensa, por um lado, que o diário do tataravô provavelmente era super moderno para a época e, por outro, que o blog de design mais futurista de hoje certamente será visto um dia com muita curiosidade por um colecionador de antiguidades.
Existe uma peculiaridade - talvez romantizada - a respeito dos diários escritos em cadernos com capa de couro que os blogs dificilmente conseguirão mimetizar: a idéia de que, no diário, estariam presentes os diálogos internos, os pensamentos íntimos mais secretos do autor - algo como a "essência a ser descoberta" sobre aquele ser humano.
Estariam mesmo? Me pergunto se também o tataravô - assim como nós blogueiros nos dias de hoje - não optaria por registrar em seu diário apenas as melhores partes daquilo que ele é. Me parece certo que o indíviduo ao menos suspeitasse que seu diário seria lido por outras pessoas depois de sua morte. O que deixar escrito sobre si para um provavel leitor indefinido/aleatório do futuro?
Talvez o diário não fosse projeto público nem tampouco privado. Talvez fosse simplesmente hábito, como são tantos outros hábitos: fazer apenas, sem se perguntar o como nem o porquê.